Monday, November 25, 2013





- Que fresco! Fecha a janela parvo... - grito de forma agressiva sem deixar a subtileza da minha voz.
Ele ri-se. Detesto que se riam na minha cara e sem demoras atiro-me para cima da cama e encosto a cabeça à almofada perfumada dele. Sinto algo inexplicável. Uma nostalgia a fluir, a explodir na minha mente, transportando-me para os dias de Inverno que partilhávamos. Lembro-me vagamente de sentir o frio nas minhas mãos e não conseguir estar atenta às partituras que na altura treinava para a aula de canto, e ele encostar-se ainda receoso, a mim. Respiro fundo e continuo a navegar na nostalgia... Estava tanto frio e a primeira coisa que eu queria, era embrulhar-me no seu corpo e como sempre cheirar o seu perfume. Era misterioso e de uma certa forma envolvia-me no imaginário sempre que beijava o seu pescoço.
Confusa largo o pensamento e sou assaltada pelo metro e oitenta do Ezra que aperta-me bruscamente o tronco. Em gritos assaltantes esmurro a barriga atlética dele e rio-me descontroladamente. Não consigo parar até sentir a sua mão gélida no meu pescoço e ser obrigada a olhar diretamente para os seus olhos. Nunca reparei nas manchas pretas que os seus olhos azuis tinham e por isso fico segundos a contemplar a minha cor favorita. 
Sem pressa, sinto uns lábios gretados a enrolar-se nos meus e alinho o seu corpo ao meu. 
- Não podemos. Olha, já viste aquela música fantástica de Prokofiev? Vou buscar os auscultadores. 





No comments:

Post a Comment



blogger template by lovebird